30/4/20
Os parceiros do SiSSAN – sistema de seguimento da segurança alimentar e nutricional – realizaram uma reunião virtual no dia 30 de abril deste ano sobre a situação da segurança alimentar e nutricional no contexto do COVID-19. A representante do Programa Alimentar Mundial (PAM), Kiyomi Kawaguchi, iniciou a reunião com um resumo sobre a situação no país e as dificuldades em analisá-la no contexto do COVID-19. Entretanto, destacou também o plano de contingência e as atividades programadas pela PAM nas próximas semanas, como o abastecimento de cantinas escolares. Foi também lançado virtualmente o relatório SiSSAN do inquérito feito em Setembro 2019 sobre a insegurança alimentar em todo o país, menos o setor autônomo de Bissau.
O objetivo deste encontro foi compartilhar preocupações baseadas em observações de cada organização sobre o impacto do vírus, e começar a mapear a intervenção de cada parceiro ao nível de saúde, bem como social e económico, a fim de criar sinergias de intervenção coerentes.
Naturalmente, a dimensão da saúde do coronavírus foi abordada e algumas ações dos parceiros incluíram: 1/ campanhas de sensibilização por meio de agentes de saúde, rádios comunitárias e campanhas de porta em porta, particularmente em áreas com acesso limitado à informação 2/ o fornecimento de equipamentos sanitários, como sabão e lixívia, 3/ programas de formação técnica sobre a saúde comunitária e até 4/ a produção de máscaras.
Dado o estado de emergência e os efeitos secundários do coronavírus no país, a rede SiSSAN concentrou muitos dos seus esforços no impacto social e económico do vírus na Guiné-Bissau. Miguel de Barros, em representação da Tiniguena e RESSAN-GB, observou durante a sua intervenção a importância de ter uma visão mais larga das respetivas entidades e combinadas intervenções, ao nível sanitário, social, produtivo e económico, a fim de desenvolver planos a curto, médio e longo prazos face à esta crise, dado que o Estado não tem estabelecido sobre o sistema de reservas alimentares e não está a implementar medidas efetivas para aliviar os efeitos socioeconómicos desencadeados com a declaração do estado da emergência.
A Guiné-Bissau encontra-se atualmente no meio da campanha de caju – sua maior fonte de renda para as famílias e Estado e, embora as colheitas continuem a ser relativamente bem-sucedidas, a dificuldade está em encontrar compradores, visto que o acesso aos mercados foi limitado pelo estado de emergência devido a fecho de fronteiras e ausência de importação, mas também o confinamento retira a mobilidade aos compradores. Estas questões têm incidência particular no armazenamento de castanha de caju de tal forma que preservará a qualidade do produto para que as vendas podem ser feitas e renda gerada para as famílias que são dependentes dos ingressos financeiros provenientes de caju. Sem acesso a mercados e compradores, os parceiros SiSSAN observaram também a limitada capacidade dos agricultores de comprar sementes para as próximas campanhas agrícolas, agravando ainda mais a vulnerabilidade das famílias que dependem da agricultura de subsistência.

Outras atividades envolvem campanhas de vacinação animal; campanhas de sensibilização sobre questões de amamentação e impactos psicológicos do COVID-19; pesquisas que observam a evolução da pandemia a nível nacional, no continente e globalmente, contribuições a debates nacionais e internacionais, bem como reflexões escritas e publicações do impacto da doença na África.
Concluindo, os parceiros trabalham no sentido de favorecer a garantia da segurança alimentar e a geração de renda para as famílias em todo o país e fornecer acesso à informação. No futuro, buscam criar maneiras de compartilhar informações e dividir os esforços de forma eficiente, através do mapeamento, levando em consideração as variações contextuais das diferentes regiões.